Representantes da Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace) estiveram no campus de Mossoró da Ufersa no dia nove de julho para acompanhar o andamento de um projeto financiado pela empresa 3R Petroleum e que vem sendo executado pelo Núcleo de Pesquisa em Baixo Carbono (NPCO2).
O trabalho em andamento em casas de vegetação e laboratórios da universidade busca identificar as espécies vegetais que melhor se adaptam à irrigação com água produzida oriunda do Polo Fazenda Belém, localizado em Icapuí (CE) e sob concessão da empresa 3R Petroleum. As plantas selecionadas para o estudo podem ser utilizadas de diferentes formas, como a produção de biomassa para geração de bioenergia.
Segundo o professor Frederico do Carmo, a visita é um momento essencial no desenvolvimento do projeto, já que tanto a empresa financiadora quanto o órgão ambiental que autoriza a implantação das soluções apontadas têm a oportunidade de conhecer o trabalho executado pelos pesquisadores da Universidade. “Para a nossa equipe foi um dia de grande importância e de muito otimismo, pois o projeto vem ocorrendo de forma satisfatória, dentro do cronograma proposto. Estamos felizes com os resultados que foram obtidos até o momento”, revelou o coordenador.
Ainda segundo o professor Frederico, trata-se de um projeto que pode trazer muitos benefícios para a região, que está inserida em um contexto de escassez hídrica. “Queremos reutilizar a água na produção agrícola de matérias primas para bioenergia, uma estratégia fundamental para o desenvolvimento sustentável do país”, explicou.
A 3R Petroleum assumiu a operação do Polo Fazenda Belém em agosto de 2022, contanto atualmente com cinco concessões na Bacia Potiguar. Durante a visita, o gerente executivo da empresa, José Luiz Marcusso, reconheceu a relevância do trabalho de pesquisa. “Primeiro, sob a ótica ambiental, é um projeto importante para o estado do Ceará com o apoio da Ufersa. Mas vejo também como a possibilidade de termos um crescimento da produção de petróleo Polo Fazenda Belém de forma mais sustentável”, considerou Marcusso.
O executivo também destacou que desde o início das operações, a produção diária passou de 570 barris de óleo para aproximadamente 800 barris/dia. “Temos condições de chegar a mais de 2 mil barris diários”, afirma o gerente executivo da 3R Petroleum. “A água produzida é uma realidade. Porém, com a reutilização na irrigação será a melhor alternativa da Companhia para a sociedade, as comunidades do entorno, além de também gerar benefícios para a 3R Petroleum”.
Ainda de acordo com o executivo, o trabalho já realizado até agora tem superado as expectativas iniciais. “O projeto tem uma importância muito grande e esses experimentos que estão sendo realizados na Ufersa, que estou tendo a oportunidade de ver, nos deixam muito animados. Acho que estamos no caminho certo, lógico que temos que seguir com as pesquisas, mas os resultados até agora são os melhores possíveis”, finalizou.
O projeto, que tem vigência até outubro de 2024, também recebeu conceito positivo do técnico da Superintendência de Meio Ambiente do Ceará (Semace), Alexandre Pinto. De acordo com ele, trata-se de “um experimento importante voltado para solucionar um problema da 3R Petroleum. Estamos em busca de uma solução que é justamente fazer o reúso do efluente na irrigação de plantas para produção de biomassa, muito valorizada pelas indústrias de cerâmica e cimento, por exemplo. Vemos aqui uma solução inusitada, tanto em termos ambientais, quanto em termos de produção do Polo Fazenda Belém”, considerou o técnico da Semace.
Quando implementadas, as soluções geradas na Ufersa poderão irrigar aproximadamente 170 hectares em área próxima ao Polo Fazenda Belém. “Estamos a encontrar uma solução ambientalmente correta para a água produzida de petróleo, que é esse projeto para irrigação de plantas para bioenergia, principalmente, eucalipto e capim elefante”, considerou Alexandre Pinto.
O professor Frederico explicou que na região há muitos campos maduros, cuja característica é a produção elevada de água. “Há poços na região que produzem 99% de água. Atualmente, o Polo Fazenda Belém produz em torno de 20 metros cúbicos de água para cada de óleo produzido. Já fiz algumas estimativas: o volume de água gerado pelas produtoras de petróleo na região pode representar em torno de 20% da água utilizada na irrigação no estado do Rio Grande do Norte. Estamos falando de muita água”, aponta o pesquisador.
“Além disso, a utilização de água produzida de petróleo na irrigação já é realizada na Califórnia desde a década de 1970, portanto, não estamos falando de algo fora da realidade. Obviamente que existe todo o cuidado para a escolha de plantas tolerantes, o controle da salinidade do solo e outros aspectos ambientais Para isso, temos pesquisadores extremamente qualificados na Ufersa nessas linhas, como os professores José Francismar de Medeiros e Rafael Oliveira Batista.”, finalizou Frederico Ribeiro do Carmo.