Com o objetivo de diminuir as emissões de gases de efeito estufa sem comprometer a performance de motores a diesel, pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) estudam formulações de combustíveis AB-Diesel, compostos por uma mistura de álcool, biodiesel e diesel. Além da análise de diferentes formulações, o projeto ABDiesel tem o objetivo de identificar matérias-primas viáveis para o desenvolvimento de biodiesel no Semiárido Potiguar, como girassol, cártamo e moringa. Outra investigação em andamento é a produção de biodiesel por catálise enzimática, que resultará em combustível menos poluente graças à mistura do diesel com o novo biodiesel produzido.
“Como o intuito do projeto é aumentar a participação de combustíveis renováveis no óleo diesel, que hoje já conta com 12% de biodiesel, as misturas apresentam potencial para queima mais eficiente de combustível, reduzindo consideravelmente as emissões de monóxido de carbono e outros poluentes no meio ambiente, como o material particulado”, afirma o coordenador do ABDiesel, Frederico Ribeiro do Carmo, professor vinculado ao Departamento de Engenharia e Tecnologia (DET) da Ufersa. “Além disso, é importante pontuar que estudos em paralelo visam produzir matérias-primas com águas residuárias, em especial a água produzida do petróleo, efluente bastante produzido na região pelas empresas de petróleo e gás”, acrescenta ele.
O projeto ABDiesel está alinhado com compromissos assumidos pelo Governo Brasileiro nos últimos anos no sentido de reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Na 21ª Conferência das Partes (COP 21), realizada em Paris pela Organização das Nações Unidas em 2015, o Brasil se comprometeu a aumentar a participação de bioenergia na matriz energética do pais, o consumo de biocombustíveis e a oferta de etanol, entre uma série de outras iniciativas. A relevância da proposta atraiu um financiamento de R$ 1,1 milhão do CNPq, como resultado de uma seleção do Programa Combustível do Futuro e da Iniciativa Brasileira do Hidrogênio.
A partir do início das atividades, em dezembro de 2022, montadoras de caminhões já sinalizaram interesse no projeto. Participam da iniciativa 14 profissionais distribuídos nas categorias de colaborador, pesquisador e aluno de doutorado. Além da Ufersa, pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) também fazem parte do ABDiesel.
“Por conta do apoio financeiro do CNPq, do Programa de Formação de Recursos Humanos da Agência Nacional do Petróleo, o PRH, e de outros projetos firmados nos últimos meses com empresas, estamos criando uma infraestrutura excelente para os estudos a serem realizados”, pontua o coordenador do projeto, Frederico Ribeiro do Carmo. “Além de produzir biodiesel, nos próximos meses teremos capacidade de caracterizar as formulações, segundo os critérios da ANP, e avaliar a performance e as emissões de gases de efeito estufa em um motor diesel monocilindro, tudo isso na Ufersa”, finaliza.