Tese do NPCO2 estuda utilização e potencial da água produzida (AP) do petróleo para irrigação em regiões de semiáridas
Trabalho produzido Cydianne Cavalcante da Silva foi orientado e coorientado, respectivamente, pelos pesquisadores Daniel Valadão Silva e Frederico Ribeiro do Carmo, ambos coordenadores do Núcleo de Economia em Baixo Carbono (NPCO2)
A escassez de água nas regiões semiáridas e o avanço das políticas voltadas à economia de baixo carbono têm incentivado o uso de fontes não convencionais de água para fins agrícolas. Esse contexto motivou a tese de doutorado de Cydianne Cavalcante da Silva, com título “Produced water from petroleum for irrigation use: literature review and potential for energy crops”. Apresentada no último dia 30 de junho, a tese investiga como o uso da água produzida (AP) oriunda da indústria do petróleo destaca-se como um recurso promissor, embora ainda subutilizado no Brasil devido a barreiras técnicas, ambientais e normativas. O projeto teve apoio de produtoras onshore que atuam na Bacia Potiguar. A aluna foi bolsista do Programa de Formação de Recursos Humanos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (PRH-ANP).
O trabalho foi orientado e coorientado, respectivamente, pelos pesquisadores Daniel Valadão Silva e Frederico Ribeiro do Carmo, ambos coordenadores do Núcleo de Economia em Baixo Carbono (NPCO2). A tese integra uma análise crítica da literatura, um estudo bibliométrico das tendências científicas e uma avaliação experimental dos efeitos na produção e na qualidade do solo e de culturas bioenergéticas, contribuindo para o desenvolvimento de sistemas produtivos sustentáveis e para a consolidação da transição energética no Brasil.
O Capítulo I apresenta uma análise bibliométrica e de conteúdo sobre o uso agrícola de águas residuárias, com foco especial na água produzida. Já no segundo capítulo há uma discussão técnico-científica sobre a composição química da AP, os desafios de sua gestão no Brasil e o potencial de reúso na irrigação. A revisão destacou que, embora a AP contenha teores elevados de sais, metais e compostos orgânicos, tecnologias como flotação, adsorção e tratamentos oxidativos avançados vêm sendo testadas com bons resultados.
O Capítulo III relata um experimento em casa de vegetação com três espécies bioenergéticas — sorgo, capim-elefante e algodão — irrigadas com diferentes diluições de água produzida tratada. A água utilizada foi oriunda de um campo de produção localizado na Bacia Potiguar.
Os resultados demonstram que a água produzida, quando adequadamente tratada e manejada, pode ser incorporada de forma estratégica à agricultura irrigada de base energética, contribuindo para a resiliência hídrica e a sustentabilidade produtiva em ambientes semiáridos.