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Impacto do biochar no sequestro de carbono é tema de dissertação de mestrado na UFERSA

Aluno Paulo Reginaldo Costa Filho aplicou o modelo matemático RothC, juntamente com o modelo de Lefebvre para decomposição do biochar

No último dia 8 de novembro, Paulo Reginaldo Costa Filho, aluno do Programa de Pós-Graduação em Manejo de Solo e Água da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), apresentou sua Dissertação de Mestrado intitulada “Impacto do biochar no sequestro de carbono em solos do semiárido potiguar: uma análise com o modelo RothC em cultivos bioenergéticos”. Sob orientação do Prof. Dr. Frederico Ribeiro do Carmo, O estudo aplicou o modelo matemático RothC, juntamente com o modelo de Lefebvre para decomposição do biochar, a fim de simular a dinâmica do carbono no solo em cultivos bioenergéticos, capim elefante, sorgo biomassa e sorgo sacarino, utilizando biochar e resíduos agrícolas no Semiárido Potiguar. O modelo também utiliza informações de solo e clima da região.

O projeto avaliou quatro cenários de incorporação de resíduos ao solo: (1) incorporação de 100% dos resíduos in natura (estratégia B0); (2) 25% dos resíduos na forma de biochar e 75% in natura (B25); (3) 35% dos resíduos na forma de biochar e 65% in natura (B35); e (4) 40% dos resíduos na forma de biochar e 60% in natura (B40). Os resultados indicaram que a estratégia B25 oferece o melhor custo-benefício, maximizando o sequestro de carbono em solos pobres em matéria orgânica, enquanto o capim elefante demonstrou o maior potencial de estoque de carbono.

Os insights do estudo mostraram que o capim elefante, na estratégia B25, alcançou uma média de sequestro de carbono no solo 94,05% maior que o sorgo biomassa e 127,89% superior ao sorgo sacarino. Embora o sorgo biomassa tenha a maior capacidade de produção de matéria seca para queima, o capim elefante é mais eficiente em termos de estoque de carbono. O sorgo sacarino, a cultura com menor produtividade, apresentou déficit de carbono quando cultivado sem biochar, porém mostrou-se eficiente com a aplicação de biochar, especialmente na estratégia B25, que superou a baseline em 22,79% (5,53 tC∙ha⁻¹).

O trabalho destaca ainda a influência do efeito de priming, que varia de acordo com o tipo de solo e o clima, sendo um fator relevante para culturas de menor produtividade. Mesmo com efeitos intensos de priming, até 91%, os cenários testados se mostraram superiores à baseline, justificando a implementação das estratégias de biochar em todos os cultivos avaliados.

Outro ponto de destaque é a área requerida para compensar as emissões de carbono do Rio Grande do Norte em 2022: enquanto o capim elefante na estratégia B25 requer uma área de 24.917 ha (considerando 0% de priming), o sorgo sacarino na estratégia B0 necessitaria de 108.251 ha. Esses resultados sublinham a importância de considerar o tipo de cultura, solo e clima ao implementar biochar para maximizar o sequestro de carbono.

O estudo conclui que a otimização da aplicação de biochar pode não apenas aumentar o sequestro de carbono no solo, mas também destinar parte da biomassa para geração de energia (como eletricidade e biocombustíveis) e reduzir a necessidade de fertilizantes sintéticos, com impacto positivo no ciclo de carbono e nas emissões associadas ao uso de insumos agrícolas. A pesquisa reafirma a relevância do biochar como uma ferramenta sustentável para o Semiárido Potiguar, com potencial para contribuir à mitigação das mudanças climáticas e ao desenvolvimento agrícola sustentável.

A banca examinadora, composta pelo Prof. Dr. Frederico Ribeiro do Carmo (UFERSA), Dra. Bárbara Samartini Queiroz Alves (Shell), Prof. Dr. Rafael Oliveira Batista (UFERSA) e Profa. Dra. Eulene Francisco da Silva (UFERSA), aprovou a dissertação, reconhecendo a contribuição significativa do trabalho para a ciência e para a sustentabilidade na região semiárida.

 

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